Os relacionamentos sexuais, em geral, se iniciam com estimulações
corporais variadas: carícias, toques pelo corpo todo - em áreas preferenciais
de cada um, ou diretamente nos genitais, proporcionando um estado de excitação
crescente, que é reconhecido pela lubrificação vaginal, exposição mais intensa
do clitóris, aumento da frequência cardíaca, respiratória e crescimento dos
mamilos, o que pode ou não resultar em orgasmo (ou clímax), sendo este o último
estágio da resposta sexual feminina.
Do ponto vista anatômico, o orgasmo consiste em uma série de
reflexos, contrações rítmicas involuntárias da musculatura pélvica e perineal,
frequentemente acompanhado de intenso de prazer, seguido da sensação gostosa de
alívio e relaxamento. A frequência e a intensidade do orgasmo são pessoais e
cada pessoa o descreve de acordo com as suas vivências, ou seja, cada um sente
o orgasmo à sua maneira. E sua obtenção pode ser através de relações sexuais,
da masturbação ou de fantasias eróticas.
Na década de 1960, com o advento da “pílula”
anticoncepcional, as mulheres passaram a se importar, a valorizar a obtenção de
prazer durante as relações sexuais, pois perceberam que não tinham apenas
objetivos reprodutivos. Enquanto que na década de 1980 para 1990, o orgasmo se
transformou em sensação obrigatória, sinal de maturidade para as mulheres, o
que pode ocasionar a diminuição da espontaneidade nos relacionamentos sexuais.
Segundo o médico e sexólogo, Gerson Lopes, “o direito ao
orgasmo é diferente da obrigação de tê-lo”. E mais,“ o orgasmo é uma forma de
prazer dentre as tantas possíveis experiências prazerosas que o sexo propicia”,
e não um objetivo a ser conquistado a qualquer custo, seria melhor entendê-lo
como consequência gostosa de um encontro sexual lúdico, amoroso, infinito.
Apesar da revolução sexual que vivemos a partir de 1960, a
ausência de orgasmo é uma das queixas femininas mais frequentes, em uma pesquisa
recente realizada no Projeto Sexualidade (Prosex, instituto que estuda
sexualidade na USP-SP), 30% das mulheres brasileiras reclamam sobre a falta de
orgasmos, falta de desejo ou excitação sexual. Quanto às causas de dificuldade
em se obter o orgasmo são muito variáveis e de acordo com Hugo Miyahira,
vice-presidente da Região Sudeste da Federação Brasileira das Associações de
Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), são três os fatores que podem interferir,
negativamente, no orgasmo feminino: o transpessoal, o interpessoal e o
intrapessoal. O primeiro tem a ver com a cultura que a pessoa está inserida: fatores
religiosos. O interpessoal, por sua vez, são as relações entre as pessoas: um
companheiro que não é carinhoso, que cobra muito um determinado desempenho na
cama e que acaba não proporcionando um clima favorável. Já o intrapessoal é a
capacidade da mulher de conhecer o próprio corpo, de praticar o autoerotismo.
Segundo a pesquisa do Prosex, 92% das brasileiras não se masturbam com
frequência.
Determinados comportamentos ou exigências durante as
relações sexuais também atrapalham a obtenção do orgasmo, como a ideia de
“chegar juntos ao orgasmo”, uma cobrança comum que não traz benefício algum, pelo
contrário, causa ansiedade em ambos os parceiros, porque eles passam a se
preocupar com desempenho, deixando de lado o prazer de estarem juntos,
compartilhando sentimentos e sensações.
Outro conceito equivocado é diferenciar orgasmo “clitoriano”
e “vaginal”. Existe um ápice da excitação sexual, o clímax que se inicia no
clitóris e se espalha por toda área vaginal, com contrações da musculatura
perivaginal e pélvica e, em seguida transferindo sensações prazerosas por todo
o corpo.
Enfim, gozar durante o coito é estimulante, agradável e
aconchegante, não importando muito o modo de consegui-lo, tendo em vista que
apenas 20% das mulheres chegam ao orgasmo pela penetração vaginal, segundo a
mesma pesquisa da USP.