Por Dr. Luiz Mauro Coelho Nascimento
A sexualidade na
criança se desenvolve em fases ou períodos com características próprias, predomínio
de determinadas áreas ou partes do corpo, mostrando assim a face multifacetada
e parcial da sexualidade infantil. Em outras palavras, os diversos estágios
diferenciam-se pela área de localização da libido à qual a energia do impulso
está dirigida e são as seguintes:
Fase oral:
Este período de
duração de aproximadamente 01 ano, e que segue ao nascimento, é assim
denominado porque a maior parte das necessidades e satisfações da criança
reside na boca, ou seja, a fonte corporal das excitações pulsionais se dá
principalmente na zona bucal e trato digestivo.
Fase anal:
Esta fase transcorre
em torno do segundo e terceiro ano de vida, quando a criança já se encontra
bastante desenvolvida, e ela vai passando de uma situação passiva e receptiva,
para uma posição ativa. Suas funções motoras e neurológicas estão mais
desenvolvidas, aprendem a engatinhar, a ficar de pé sem apoio, a falar,
conseguem de modo progressivo, o aprendizado do controle das funções
fisiológicas, e principalmente o controle esfincteriano.
O controle esfincteriano é importante para o
desenvolvimento psicossexual, porque ele representa o controle motor de maneira
geral, traz sensação de domínio, de prazer na expulsão ou na retenção das fezes
ou urina.
Fase fálica:
Este período se inicia por volta dos três anos e perdura até os cinco ou
seis anos de idade, quando os estágios anteriores são deixados para trás,
passando a fazer parte da estrutura psicossexual da criança. È denominada de
fase fálica, se reportando ao pênis, mas na verdade quer dizer que a libido ou
a energia pulsional se concentra nos órgãos genitais, os quais passam a ser a
zona erógena predominante, mas que não representam ainda a genitalização
verdadeira, pois vale lembr ar, que o
conceito de sexo é de natureza ambígua, tendo em vista que a criança não
distingue conscientemente a diferença sexual anatômica.
Fase de latência:
Por volta dos cinco
ou seis anos de idade, inicia-se um período de relativa acalmia no
desenvolvimento da criança, denominado de latência, o que não indica que exista
uma parada no desenrolar sexual, mas sim uma nova estruturação da mesma, ou
seja, os impulsos eróticos têm menor influência no modo de viver, e o ego se
encontra menos turbulento com os conflitos emocionais do que nas fases
anteriores, e assim usando dessa energia se fortalece, lidando melhor com os
impulsos e com o mundo exterior.
Fase genital:
Com final da latência, tempo de relativa calma
dos impulsos sexuais, surge em torno dos dez ou onze anos, uma avalanche de
energia pulsional, que não espera o tempo para a adaptação, inundando o
aparelho psíquico do indivíduo, e confundindo-se com o aumento de crescimento e
amadurecimento físico, “deságua” em conflitos psicológicos e emocionais,
obrigando o aparelho psíquico, e a personalidade a reorganizarem-se, em busca
de um novo equilíbrio; assim inicia-se a puberdade e/ou adolescência, tempo em
que só podemos dizer que alvorece, pois não sabemos exatamente quando termina.
Resumindo, nos primeiros anos de vida, as
zonas erógenas nas quais a libido se liga, se dirigem ao próprio indivíduo. A
partir da fase fálica ou edípica, a criança já começa a se interessar por
objetos além do seu corpo, como também no adulto, ou seja, direcionando a
libido, a energia a outros objetivos, como também a outras pessoas. Os períodos
citados anteriormente, nem sempre são rígidos, quanto ao tempo e localização da
área onde a energia sexual se liga, podendo existir modos mais generalizados de
excitação/satisfação como atividade músculo-esquelética, estímulos
proprioceptivos e exteroceptivos, dor, etc. No adulto normal, poderá haver a
centralização da energia sexual em determinados órgãos ou regiões do corpo
(genital), a isto se denomina de “primazia genital”, quando o pênis, o
clitóris, a vagina e toda a zona genital passam a concentrar toda excitação
sexual e podemos dizer que quanto maior a libido objetal, mais maduro e
socializado será o indivíduo.