“É como um
traço (e)terno na finitude que a sexualidade se faz presente na experiência
humana, desde o nascimento do indivíduo até sua morte. Uma dimensão da
existência que não tem idade, que está presente em todo o viver (CARIDADE,
1996)”.
Com a
concepção de Freud que o desenvolvimento psicossexual e o da personalidade do
indivíduo, ocorrem a partir do conceito da libido, o qual é de difícil
definição, por que não é unívoco, pois o próprio Freud, enquanto desenvolvia
sua teoria, o conceito de libido adquiria significações diversas.
“Inicialmente, Freud empregou o termo libido, que em latim quer dizer desejo,
vontade, para designar uma energia própria da pulsão sexual, manifesta na vida
psíquica” e ao longo da sua obra, passou
a considerar, em termos genéricos, a libido como “todas as pulsões responsáveis
por tudo o que compreendemos sob o nome de amor.” (ZIMERMAN, 2001). Em outras
palavras, a libido seria a energia que está a disposição dos impulsos de vida
ou sexuais, isto porque até então, considerava-se a sexualidade, de uma forma
restrita, como um conjunto de atos e falas, ligados exclusivamente à relação
sexual ou ao coito propriamente dito e em especial à reprodução. Quanto ao
significado do termo sexual, inicialmente definindo-o como uma pulsão, portanto
inato, que visava à preservação da
espécie, diferentemente da pulsão de auto- conservação, tendo posteriormente
unificado as duas sob o nome de pulsões de vida.
O conceito
de Sexualidade Infantil, introduzido por Freud (1905), com a edição dos Três
Ensaios sobre Sexualidade, quando a partir de observações de crianças que
amamentavam no peito, que na realidade define uma linha de continuidade sexual,
desde a infância até a maturidade; numa época na qual se pensava ver um
aparecimento súbito, quase sem antecedentes da sexualidade, por ocasião da
puberdade.
Freud observou que as crianças após sentirem
satisfeita sua fome (impulso de auto-conservação), elas continuavam a sugar o
peito, o dedo, ou a mão, demonstrando desta forma, que poderia haver demanda
interna ainda não satisfeita, ou seja, que para além da satisfação de uma
pulsão de auto – preservação surgia uma busca pelo prazer e que este precisaria
de outras atitudes para a sua resolução, p. ex continuar sugando, movimentos
musculares, etc. Esta demanda extra, que nesta etapa se liga à amamentação, vai
se modificando ao longo do tempo até chegar à forma reconhecível na sexualidade
do adulto.
Destas
observações surgiu à diferenciação de dois instintos:
a)
Instintos(pulsões)
de autoconservação: que têm
objetivos determinados (no caso da amamentação, o leite) e como característica
marcante, a de ter satisfação imediata, não poder ser adiada por questões de
sobrevivência;
b)
Instintos(pulsões)
sexuais: como característica não apresentam objeto específico para sua
satisfação, variando de acordo com o momento, a necessidade que pode ser a
pele, movimentos rítmicos do balançar, sons (o ato da cantarolar p/ criança);
como se observa, não há premência imediata para sua satisfação, podendo ser
desenvolvida, pois não está envolvida a sobrevivência do indivíduo, com também
ser eventualmente reprimida.
Dentro de
conceituação Freudiana, existem componentes orgânicos na sexualidade infantil,
mas o que a caracteriza fundamentalmente é o carinho, o afeto, a dedicação
maternal para com a criança, estabelecendo assim simbolizações. O importante
aqui não é o tipo de alimento dado e sim como ele é oferecido. As vicissitudes
destas pulsões em busca de satisfação serão fatores importantes na estruturação
da personalidade da criança, a qual poderá se desenvolver de modo mais
equilibrado, saudável ou não. Quero enfatizar o conceito de psicossexualidade
introduzido por Freud, no qual se vislumbra o desenvolvimento sexual do ponto
de vista biológico, com suas modificações durante o crescimento da criança, a
ocorrer “pari passu” com o desenvolvimento da personalidade desta. Assim ele
vai relacionar determinadas características de personalidade e de
comportamentos do adulto, a determinadas características das fases do
desenvolvimento sexual da criança.
Percebe-se também, uma diferença fundamental
da sexualidade infantil com a adulta, ou seja, naquela a ausência quase
completa de genitalidade; e mesmo assim podemos considerar, no sentido do
desenvolvimento da personalidade, a sexualidade adulta como uma continuação
direta daquela (infantil), e esta visão evolutiva da psicossexualidade, nos
ajuda a compreender melhor que a reprodução, realmente pode não ser o objetivo
único e final da sexualidade adulta .