terça-feira, 27 de agosto de 2013

Sexualidade Infantil - Parte II


A sexualidade na criança se desenvolve em fases ou períodos com características próprias, com predomínio de determinadas áreas ou partes do corpo, mostrando assim a face multifacetada e parcial da sexualidade infantil. Em outras palavras, os diversos estágios diferenciam-se pela área de localização da libido à qual a energia do impulso está dirigida e são as seguintes:
Fase oral:
Este período de duração de aproximadamente 01 ano, e que segue ao nascimento, é assim denominado porque a maior parte das necessidades e satisfações da criança reside na boca, ou seja, a fonte corporal das excitações pulsionais se dá principalmente na zona bucal e trato digestivo.
Fase anal:
Esta fase transcorre em torno do segundo e terceiro ano de vida, quando a criança já se encontra bastante desenvolvida, e ela vai passando de uma situação passiva e receptiva, para uma posição ativa. Suas funções motoras e neurológicas estão mais desenvolvidas, aprendem a engatinhar, a ficar de pé sem apoio, a falar, conseguem de modo progressivo, o aprendizado do controle das funções fisiológicas, e principalmente o controle esfincteriano.
 O controle esfincteriano não é importante por si só, de acordo com as normas do meio onde a criança vive, mas também para o desenvolvimento psicossexual, porque ele representa o controle motor de maneira geral, traz sensação de domínio, de prazer na expulsão ou na retenção das fezes ou urina.
Fase fálica:
Este período se inicia por volta dos três anos  e perdura até os cinco ou seis anos de idade, quando os estágios anteriores são deixados para trás, passando a fazer parte da estrutura psicossexual da criança. È denominada de fase fálica, se reportando ao pênis, mas na verdade quer dizer que a libido ou a energia pulsional se concentra nos órgãos genitais, os quais passam a ser a zona erógena predominante, mas que não representam ainda a genitalização verdadeira, pois vale lembrar, que o conceito de sexo é de natureza ambígua, tendo em vista que a criança não distingue conscientemente a diferença sexual anatômica.
Fase de latência:
Por volta dos cinco ou seis anos de idade, inicia-se um período de relativa acalmia no desenvolvimento da criança, denominado de latência, o que não indica que exista uma parada no desenrolar sexual, mas sim uma nova estruturação da mesma, ou seja, os impulsos eróticos têm menor influência no modo de viver, e o ego se encontra menos turbulento com os conflitos emocionais do que nas fases anteriores, e assim usando dessa energia se fortalece, lidando melhor com os impulsos e com o mundo exterior.
Fase genital:
 Com final da latência, tempo de relativa calma dos impulsos sexuais, surge em torno dos dez ou onze anos, uma avalanche de energia pulsional, que não espera o tempo para a adaptação, inundando o aparelho psíquico do indivíduo, e confundindo-se com o aumento de crescimento e amadurecimento físico, “deságua” em conflitos psicológicos e emocionais, obrigando o aparelho psíquico, e a personalidade a reorganizarem-se, em busca de um novo equilíbrio; assim inicia-se a puberdade e/ou adolescência, tempo em que só podemos dizer que alvorece, pois não sabemos exatamente quando termina.

 Resumindo, nos primeiros anos de vida, as zonas erógenas nas quais a libido se liga, se dirigem ao próprio indivíduo, ou seja, “[...] como a satisfação é alcançada no próprio corpo, excluído qualquer corpo estranho, dá-se-lhe o nome, segundo o termo introduzido por Havelock Ellis, de auto-erotismo.” (FREUD, 1910c). A partir da fase fálica ou edípica, a criança já começa a se interessar por objetos além do seu corpo, como também no adulto, ou seja, direcionando a libido, a energia a outros objetivos, como também a outras pessoas. Os períodos citados anteriormente nem sempre são rígidos, quanto ao tempo e localização da área onde a energia sexual se liga, podendo existir modos mais generalizados de excitação/satisfação como atividade músculo-esquelética, estímulos proprioceptivos e exteroceptivos, dor, etc. No adulto normal, poderá haver a centralização da energia sexual em determinados órgãos ou regiões do corpo (genital), a isto se denomina de “primazia genital”, quando o pênis, o clitóris, a vagina e toda a zona genital passam a concentrar toda excitação sexual e podemos dizer que quanto maior a libido objetal, mais maduro e socializado será o indivíduo.